Doutor em antropologia, Michel Alcoforado analisa aspectos de consumo em diferentes contextos socioculturais e indica como é possível garantir mais assertividade ao lançar um produto

As constantes mudanças econômicas e culturais ao longo das últimas décadas têm transformado significativamente o comportamento de consumo dos brasileiros. Para o doutor em antropologia e fundador da Consumoteca, consultoria especializada no comportamento de consumo no Brasil, Michel Alcoforado, isso exige que tanto as empresas como os consumidores se reinventem constantemente.
Além disso, segundo ele, neste cenário, os antigos padrões de classificação social não têm mais validade:

Antes, poderíamos classificar alguém a partir de sua renda ou dos bens que tinha em sua casa. Agora, isso não faz mais sentido. Um jovem de classe média alta começa a carreira como estagiário ganhando R$ 2 mil, mas tem hábitos de consumo sofisticados. Por outro lado, alguém que ganha os mesmos R$ 2 mil pode ter diversos eletrodomésticos por conta de crediários e parcelamentos.
Então, é difícil apostar num perfil único desse consumidor porque ele é um caleidoscópio.

Em entrevista exclusiva ao blog Flavors & Botanicals, ele fala sobre as necessidades desses consumidores e as características das futuras gerações em relação à alimentação.

Consumo de massa x customização

O aumento da representatividade de diferentes tribos é um dos principais fatores que pode mudar a forma de consumo em massa. O antropólogo explica porque, em sua opinião, a ideia de um mundo massificado está deixando de existir:

Nem dentro de uma mesma família isso existe, porque há microesferas que determinam comportamento distintos. Isso cobra das empresas outra visão estratégica, dado que o consumidor, agora, está querendo produtos muito específicos.

No entanto, Alcoforado diz que apesar de os consumidores prezarem pela customização de produtos e serviços, suas tensões e demandas ainda são as mesmas. Ele explica:
O que eu quero dizer com isso é que, por mais que você goste de uma marca de celular ou de outra, a preocupação é a mesma: mobilidade. Ao criarmos uma visão estratégica a longo prazo, olhando para essas tensões, não tenho dúvidas que será possível ter sucesso e oferecer um serviço customizado ao mesmo tempo em que se pensa numa produção em massa.

Como as indústrias de alimentos podem aumentar a assertividade de seus produtos
Ir além das perguntas: essa é a recomendação de Alcoforado. Para ele, a indústria acreditou que era preciso questionar os consumidores sobre o que eles queriam quando, muitas vezes, eles mesmos não sabem. Por isso, mais importante do que perguntar é observar.

O doutor em antropologia reforça:

É preciso olhar o que as pessoas estão fazendo e, junto com elas, tentar encontrar uma lógica em seu comportamento. Como já afirmei, produtos que conseguem fazer sucesso no mercado são aqueles que resolvem tensões, necessidades que, às vezes, nem mesmo os consumidores sabem que têm.

Geração Z: afinal, o que eles querem consumir?

A geração Z está construindo uma nova relação com a comida. São jovens que comem muito e frequentemente se alimentam fora de casa. Outro aspecto de seu comportamento que chama a atenção é justamente não ter nenhum compromisso com uma maneira específica de consumir, ao contrário do que ocorre com os Millennials, por exemplo. Ele detalha:

Entrevistamos jovens que comiam iogurte com granola e frutas orgânicas no café da manhã e, à tarde, iam a uma lanchonete de comida fast-food. Como a cultura determina tudo em nossa vida, determina também a maneira como nos alimentamos e cozinhamos. Olhando a maneira como as pessoas comem, conseguimos entender quem elas são.

É essa compreensão, segundo o especialista, que fornece os insights para a indústria oferecer soluções inovadoras e alinhadas com o desejo de cada público.

Observar e analisar as necessidades dos futuros consumidores é o caminho para construir marcas de sucesso e lançar alimentos e bebidas assertivos. Sua marca está atenta a esses comportamentos? Em sua opinião, quais são os maiores desafios para a indústria de alimentos na atualidade?

 

Fonte: Blog da Duas Rodas

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