O Brasil está no Top 10 entre os países que mais consomem sorvete do mundo; saiba como a indústria está posicionada nacionalmente entre a produção e o consumo da sobremesa e o que esperar das principais tendências do mercado.

Fispal Sorvetes | 20 Jul, 2023

O Brasil está no Top 10 entre os países que mais consomem sorvete do mundo; saiba como a indústria está posicionada nacionalmente entre a produção e o consumo da sobremesa e o que esperar das principais tendências do mercado.

Somente em 2022, a indústria de sorvetes atingiu um faturamento de 13 bilhões de reais, de acordo com dados da Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes, a ABIS.

O órgão especializado reuniu números que destacam a relevância e o tamanho do setor para o mercado nacional. Graças a indústria de gelatos e sorvetes, são garantidos mais de 100 mil empregos diretos e 200 mil empregos indiretos. A estrutura é composta por 10 mil empresas, entre fábricas de produção, distribuidoras e venda para o consumidor final.  

O sorvete é uma das receitas mais antigas da história e uma sobremesa que pode despertar refrescantes e saborosas memórias. Aquele sorvete que deixava a língua de outra cor, o gelato gourmet com blend de essências, massas geladas artesanais, entre outros formatos inovadores. 

Considerando essa indústria tão rica, qual o atual panorama da cadeia produtiva do sorvete? Como os brasileiros consomem a sobremesa e como o mercado deve se posicionar nas diferentes etapas para seguir em crescimento? Confira nosso guia completo sobre o tema.

Setor sorveteiro: muitas possibilidades

O mercado sorveteiro é bastante promissor e repleto de alternativas para quem produz e para os consumidores. É possível aproveitar dos novos sabores, formatos e tipos de sorvete, utilizando serviço de delivery ouem ambientes personalizados. As sobremesas geladas já estão em drive thrus dos pequenos negócios também.

O brasileiro consome em média 6 litros de sorvete por ano. Nos Estados Unidos, o consumo anual está em 10 litros per capita. Na Nova Zelândia, um dos principais centros de consumo de sorvetes, são em média 26 litros de sorvete por habitante/ano.

O número brasileiro é positivo e segue uma tendência de crescimento, mas ao utilizarmos outros países como referência, é possível notar que o mercado ainda pode se expandir bastante.

A chave para o crescimento dos mercados está em desenvolver a categoria como um todo, afinal, é mais interessante que a “pizza” seja maior e o setor não precise ficar disputando tamanhos menores de fatia do mercado.

País tropical: menos sorvete?

Ao longo da última década, as empresas de sorvete buscaram compreender os comportamentos e expectativas do público nacional sobre o produto.

 Afinal, como em um país tropical e mais quente como o Brasil mantinha um consumo baixo da sobremesa gelada, em comparação com países do norte global que vivem o ano inteiro em temperaturas mais baixas, por exemplo?

A resposta pode estar associada com as sensações alimentares e o costume do paladar brasileiro por alimentos quentes, já que muitos optam por consumir café depois do almoço e não possuem tanta familiaridade com os pratos gelados.

Durante uma palestra ministrada e uma aula de Pesquisa de Campo em Antropologia, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH) a professora e antropóloga Sylvia Novaes relata a experiência de pesquisa para uma das principais marcas de sorvete do país. A pesquisadora comenta que a indústria tentava entender como um país tropical e mais quente mantinha um consumo baixo da sobremesa gelada, em comparação com países do norte global que vivem o ano inteiro em temperaturas mais baixas, por exemplo.

Sylvia explica que a principal descoberta da pesquisa teve a ver com as sensações alimentares e o costume do paladar brasileiro por alimentos quentes. “Os brasileiros costumam consumir café depois do almoço. Não há tanta familiaridade com os pratos gelados”.

Publicidade para engajar

marketing da indústria sorveteira reforçou ao longo dos anos que o consumo da sobremesa está bastante relacionado com diversão, prazer e refrescância, utilizando comerciais em praias, espaços ao ar livre e associações com a infância.

Outra grande sacada da publicidade de sorvetes para gerar repetição do consumo foram os “palitos premiados”, de modo que a cada sorvete consumido a pessoa poderia ganhar outra unidade. 

A promoção não existe mais, mas marcou tanto uma geração que até hoje é comum esperar encontrar o “vale sorvete” depois de consumir a sobremesa em palito.

Cadeia produtiva do sorvete no Brasil

 

Em material publicado em 2015, o Sebrae produziu um relatório completo para mapear oportunidades para o setor de alimentos e bebidas no Brasil. Quanto à indústria de sorvetes, a instituição apontou que a cadeia produtiva de sorvetes é composta por 7 linhas de fornecimento entre produtos e serviços que fazem a “sorveteria” acontecer.

Essas linhas são: assistência técnica, máquinas e equipamentos, embalagens, aditivos, leite em pó/in natura, gordura e açúcar. 

Do outro lado da cadeia, existe o varejo, espaço em que ocorre a distribuição e consumo do produto final: supermercados, vendedores ambulantes, sorveterias especializadas, eventos etc.

Aumento do consumo de sobremesas geladas

Investir na indústria de sorvetes é uma aposta certeira em um segmento que está em notável expansão e cresce por meio de criatividade, inovação e pelo consumo ativo de milhões de consumidores.

Em 11 anos, o consumo de sorvete, em litros, cresceu 90%, de acordo com dados da ABIS entre 2003 e 2014.

O Sudeste é a principal região de consumo sorveteiro (52%), seguida da região Nordeste com quase 20% de todo o consumo nacional.

Como estratégia para explorar ainda melhor esse nicho de sobremesas e trabalhar em uma imagem positiva para o sorvete, a ABIS desenvolveu o programa “Sorvete Alimenta”, que propõe a introdução do sorvete como um alimento escolar, em parceria com os Conselhos Regionais de Nutrição.

A principal proposta é demonstrar que o sorvete pode ser nutritivo e não precisa ser tratado como uma guloseima perigosa. Há outros movimentos como o “Sorvete Pode”, liderado por diferentes segmentos da indústria que pretendem espalhar a paixão pelo sorvete e alavancar o consumo do alimento no país.

 

O futuro do mercado de sorvetes e gelatos

 

Assim como outros setores da indústria de alimentos e bebidas, o sorvete é um produto que está em uma onda de novidades que transformam a rotina de consumo e os processos produtivos. Acompanhe algumas das tendências desenhadas para a indústria de sorvete.

Preparos sem leite e derivados

A receita de sorvete que ficou mais popular com leite, açúcar, gordura e alguns aditivos não é mais mandatória e nem a única opção do mercado. A indústria percebeu a oportunidade de explorar grupos com outros tipos de dieta.

Seja por algum tipo de intolerância ao leite, ativismo político pelo bem-estar animal e até por sustentabilidade, há um nicho expressivo de consumidores que querem consumir produtos sem leite e derivados. 

Na indústria de sorvetes isso é fácil e lucrativo de se realizar, com as vendas de sorvetes pura fruta, por exemplo, que ainda agregam valor saudável e natural para a receita.

Culinária oriental

Sorvete na chapa ou “sorvete tailandês” é uma moda que viralizou nas redes sociais e de repente formou filas nas ruas das principais cidades. As pessoas estão interessadas em experimentar um jeito diferente de consumir o sorvete, principalmente porque o modo de preparo é atrativo: a massa fica em formato de rolinhos e o preparo é imediato.

Outro formato asiático que chegou ao Brasil é o mochi ice cream, um bolinho de arroz glutinoso tipicamente japonês, que envolve uma bola de sorvete, e virou febre nos Estados Unidos e no Japão há mais de uma década. Em 2019, a marca nacional Smoti Sorvetes lançou o produto em São Paulo, Curitiba, Rio de Janeiro e Pará.

Produção artesanal

Menos aditivos e ingredientes nocivos. Quanto mais fácil de ler o rótulo, melhor. Essa é uma das principais tendências para o setor de alimentos e a categoria de sorvetes pode se aproveitar muito bem desse interesse.

Em buscas do Google, “sorvete artesanal” está posicionada com boa popularidade, especialmente no estado de São Paulo, com um score de 100 pontos no Google Trends, ferramenta que mede as tendências de busca on-line.

Sorvetes como prato principal

Outra tendência que marca a expansão do mercado sorveteiro é o entendimento de que esse prato não precisa ser apenas sobremesa. Uma pesquisa da Fispal Sorvetes apontou que o sorvete está sendo cada vez mais integrado em outros momentos das refeições, até mesmo como protagonista do menu.

A pesquisa indica que essa é uma maneira de driblar a questão da sazonalidade da compra de sorvetes, estimulando o consumo do alimento mesmo em estações mais frias e provocando a curiosidade dos consumidores.

 

Matéria publicada em 20 de julho de 2023 por FISPAL.

 

 

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